Tratado de Coexistência


Não era só uma carta de amor. Aliás, nem era de amor que ela falava. Era sobre orgulho ferido, medo e alguma dose de arrependimento. Esse coquetel de sentimentos pós-namoro pode ser facilmente confundido com amor residual. Mas não era. Era pura dor-de-cotovelo. Ora, durante todo o ano em que estiveram separados, a ausência dele não a incomodava tanto, por que isso agora? Talvez porque o problema não fosse a falta, mas a presença.

Ela só percebeu que ele estava presente, que existia de fato, quando o viu com outra. Ali Rodrigo deixou de ser uma alma penada e reencarnou naquele amante. Não era mais só o ex que mandava sinais vez ou outra, na tentativa de resolver “assuntos inacabados”. Era o ex que jantava fora com a namorada nova e isso incomodava. “Devemos temer os vivos, não os mortos”.

E ela que há tanto acreditava que ele não viveria sem ela... Como comensalismo: ele foi a rêmora que precisava dos restos do tubarão Ana para sobreviver. Foi, não era mais. Ana continuava a comer, mas Rodrigo não apreciava mais as migalhas. Ele tinha a outra, a nova, a namorada, para servi-lo um banquete. Ver como ele saboreava de novo o gostinho de comida feita na hora doía muito.

Lembrou-se de quando eles provavam juntos as coisas frescas. Lembrou-se de como, com o tempo, a familiaridade com o sabor embrulhava o estômago. Foi nessa fase que Ana escolhera a separação. Precisava, desesperadamente, experimentar o novo. Mas um ano depois, quando Rodrigo estava com ela, bem ali, diante dos seus olhos, entristeceu-se. Deixou o restaurante de sempre e começou a escrever a carta.

Tentou organizar em palavras o tanto de sentimento que tinha. Não era só uma carta de amor. Era uma rendição e, ao mesmo tempo, um decreto de alforria. O necessário para que coexistissem. Colocou em um envelope, deixou com o porteiro do prédio dele no dia seguinte. Ligou para um amigo: Ana finalmente tentaria culinária japonesa essa noite.

24 comentários:

Mariana disse...
8 de maio de 2010 às 18:23

Ah, mto obg *-----*

Daniel Silva disse...
8 de maio de 2010 às 18:42

o blog tem tudo pra dar certo, você escreve muito bem. sucesso!

Thamyzinha Iwasaki disse...
8 de maio de 2010 às 18:51

Aaa curtir muiito é o que escrevo... sobre o que sintou a cima...
obrigado por me seguir farei o mesmo! >.<

passarei mais vezes aqui é que já to de saida [sabe ne papai mandando eu ir dormir e blá blá...]

S * disse...
8 de maio de 2010 às 18:53

Oi! Passei pra conhecer o blog. Ótimos posts! Conseguem dizer aquilo que querem dizer!!! Palavras bem escolhidas! ADOREI!

Bjs!

Andressa Alkeen disse...
8 de maio de 2010 às 18:59

Adorei o blog, fui três vezes para comentar, mais não consegui, enfim.. vc escreve bem .. (:

Nathalie disse...
8 de maio de 2010 às 19:22

Adorei aqui!!
E vc tem talento para escrever! Muito bom seu texto, já me senti como a personagem Ana...

Espero sua visita!

=*

Luis Valensi disse...
8 de maio de 2010 às 19:23

que bunito isto!
tambem escrevo sobre amor...
se quiser, de uma olhada!

adorei o blog
beijo

Anônimo disse...
8 de maio de 2010 às 19:23

bom blog, o sentimento é algo que as vezes nem nos entendemos, e na verdade nem devemos achar ou tentar explicar o pq de muitas coisas relacionado a ele!!
gostei do blog, veja o meu também se poder entra na minha comu!

NeRsO disse...
8 de maio de 2010 às 19:44

Nossa! ainda bem que existem blogs para artirtas como vc expressarem sua arte. Parabéns
seguindo...



http://rabiscandohumor.blogspot.com/

bianchini (: disse...
8 de maio de 2010 às 19:45

boa escritora. sucesso pro blog!

iMarty Turbo disse...
8 de maio de 2010 às 19:51

o amor qdo acaba dexa marcas..

Unknown disse...
8 de maio de 2010 às 19:57

amei o modo como vc escreve, vou seguir, certeeeeza.
gosto de ler coisas assim que me envolvem! adorei.

Shiryu disse...
8 de maio de 2010 às 20:10

curti tb sua forma de dirigir as palavras, msm.. *-*
seguindo <3 ~

Camila Gusmão disse...
8 de maio de 2010 às 20:19

Vc escreve divinamente, é estudante de quê?
Sucesso...

Shiryu disse...
8 de maio de 2010 às 20:28

pode seguir já *-*

Eduardo disse...
8 de maio de 2010 às 20:41

Hum...

Será que a ANA rendeu-se ao seu sentimento ou conseguiu sua liberdade...???

Macaco Pipi disse...
8 de maio de 2010 às 20:57

MARAVILHA
ESCREVA ASSIM E IRÁ LONGE!

Luis Valensi disse...
8 de maio de 2010 às 21:09

minha amiga karen!
brigado pelos elogios q me fizeste!
adorei teu blog...
escreves muito bem
segue uma linha simples e direta!
parabens

ah, eu tenho o meu amor perfeito!
a musica é pra ela!
beijo e voltarei sempre
passa la no meuq aundo puder

Unknown disse...
9 de maio de 2010 às 10:03

Minha escritora favorita! Adorei *-* escreve mais,escreve mais! te amo,maninha!

Pattinha disse...
9 de maio de 2010 às 11:44

karen escritora (além de jornalista pop).
adorei!
bjsss

Anônimo disse...
9 de maio de 2010 às 14:05

o texto todo é maravilhoso mais devo confessar que o início é que me prendeu.

belos inicios nos fazem ler até o fim

Vitor Alves disse...
9 de maio de 2010 às 20:33

"Foi, não era mais." Me embriaguei um pouco nessa frase haha.

Descontrolados disse...
10 de maio de 2010 às 09:46

Retribuindo a visita e o comentário.
Fofoca é terrível né --'

Enfim , adorei o texto.
Escreve muito bem ;D

Anônimo disse...
16 de maio de 2010 às 11:56

Uma escritora nata!amei!

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